É possível notar nos últimos anos um aumento exponencial de consumidores que decidiram gerar sua própria energia no modelo de geração distribuída. Uma das fontes que vem se destacando positivamente nesse cenário, é a energia solar fotovoltaica. Dentre os consumidores que optam por instalar energia solar, uma classe de consumo que têm aderido em grande quantidade é a dos comerciantes. A energia solar em comércios vem se tornando bastante atrativa, e nesse artigo mostraremos o porquê disso.
Vamos falar um pouco sobre geração distribuída
A geração distribuída tem por sua principal característica a geração de energia elétrica descentralizada. São instaladas normalmente próximas aos pontos de consumo, diferentemente das grandes usinas hidroelétricas. Em 2012 a Resolução Normativa ANEEL nº 482/2012 permitiu que o consumidor possa gerar sua própria energia através de fontes renováveis e cogeração qualificada podendo, inclusive, fornecer o excedente de energia para sua concessionária local.
Após a resolução n°482/2012, houve um crescimento em gerações de pequenas centrais hidrelétricas (PCH), eólica, biomassa e também a solar. Essa última vem se destacando por um crescimento mais acelerado pela sua facilidade de aplicação, instalação que pode ser feita na própria unidade consumidora e preços mais acessíveis que alguns anos atrás. Com o crescimento dessa fonte de energia, os comerciantes começaram a enxergar a geração de energia solar fotovoltaica para comércios com bons olhos.
Por que instalar energia solar no meu comércio?
A classe comercial é um setor que ainda sofre bastante com o aumento tarifário da energia elétrica, pois, apesar da tarifa ser um pouco menor que a residencial, ela ainda é relativamente alta. Em diversos setores do comércio, tais como supermercados, frigoríficos e padarias, a alta tarifa elétrica está aliada ao elevado consumo. Nesses setores os campeões de consumo de energia são câmaras frias, iluminação, ar condicionado além de fornos e freezers.
O alto preço e sucessivos aumentos da tarifa, aliado à queda dos preços dos equipamentos fotovoltaicos nos últimos anos, fez com que o investimento em usinas fotovoltaicas para suprir o consumo de comércios tivessem um retorno do capital investido em um tempo menor. Além disso, com o sistema de compensação de energia elétrica, o consumidor que conta com um sistema fotovoltaico gerando energia elétrica para seu negócio, fica menos suscetível aos aumentos tarifários. A energia que o imóvel consome tem o mesmo valor da que é injetada na rede, assim, o consumidor paga apenas a diferença entre o que foi consumido e disponibilizado para a rede da concessionária mais o custo de disponibilidade ou demanda contratada.
A tabela abaixo, foi retirada do banco de dados da ANEEL, mostrando um comparativo de quantidade de sistemas instalados, quantidade de unidades que recebem crédito e potência instalada por classe de consumo:
UNIDADES CONSUMIDORAS COM GERAÇÃO DISTRIBUÍDA | |||
Classe de Consumo | Quantidade | Quantidade de UCs que recebem os créditos | Potência Instalada (kW) |
Comercial | 4.612 | 13.926 | 154.940,41 |
Iluminação pública | 7 | 7 | 80,70 |
Industrial | 706 | 836 | 41.882,77 |
Poder Público | 249 | 298 | 9.795,04 |
Residencial | 22.089 | 24.372 | 101.746,81 |
Rural | 1.012 | 1.514 | 28.904,17 |
Serviço Público | 43 | 45 | 1.531,61 |
Fonte: ANEEL
Podemos ver que hoje a classe de consumo com maior quantidade de sistemas instalados é a residencial, e em seguida a classe comercial. Porém, se compararmos a potência instalada de cada classe, esse cenário se inverte, tendo a comercial uma potência maior e quantidade de unidades consumidoras cerca de 3 vezes maior que a quantidade de usinas. Isso se dá pela possibilidade de uma planta de geração fotovoltaica poder abastecer mais de uma unidade consumidora sob o mesmo CNPJ através do autoconsumo remoto e da geração compartilhada.
Quais as dificuldades encontradas para instalação de usinas fotovoltaicas em comércios?
Em algumas análises preliminares de viabilidade de projetos fotovoltaicos para comércios, a falta de área de telhado suficiente para comportar a quantidade de placas fotovoltaicas ou o fato de o imóvel ser alugado são os principais empecilhos para a instalação. Para esse caso existe uma modalidade que se chama autoconsumo remoto, onde o consumidor pode fazer uma planta em um local diferente do que será beneficiado bastando apenas que esteja vinculado a um mesmo CNPJ ou CPF e em área de concessão da mesma distribuidora de energia. É o caso da usina fotovoltaica da imagem abaixo. Um frigorífico de Belo Horizonte optou pelo autoconsumo remoto e a usina foi instalada pela Sharenergy em um terreno, de mesma propriedade, porém em outro município de Minas Gerais, dentro da área de concessão da CEMIG.
Além dos itens citados acima, hoje o maior entrave para fomentar o mercado de usinas fotovoltaicas para os comerciantes é o acesso a uma linha de financiamento atrativa para os empresários. O financiamento de sistemas fotovoltaicos é fundamental para o avanço da tecnologia, criação de novos empregos e também para o crescimento mais sustentável do país.